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20 agosto 2023

Emigração para o Brasil: a ida de penacovenses para Barretos (S. Paulo)


Recordar-se-ão os nossos leitores das interessantes “Crónicas Brasileiras”, assinadas por Paulo Santos e aqui publicadas em tempos. Recebemos agora mais um interessante trabalho seu sobre a emigração para o Brasil, onde nos relata a odisseia de algumas famílias penacovenses.  

Obrigado Paulo por esta partilha!

A IDA/VINDA DOS PENACOVENSES PARA BARRETOS (SP-Br)



O tempo passa e não perdoa, e quando nos damos conta, lá se foi quase uma década. Pois foi em 13/12/2013 que David de Almeida publicou em seu blog um texto meu sobre a migração de penaconvenses para o Brasil. https://penacovaonline2.blogspot.com/2013/

Faz parte da História, muitos europeus imigraram para o Brasil, durante aqueles dias difíceis porque passou a Europa. Alguns moradores da freguesia de Penacova seguiram o mesmo caminho.

Como os ascendentes da minha esposa (bisavós, avós maternos, paternos, pai e mãe) eram oriundos da freguesia de Penacova, isso me levou a “entrar de cabeça” na empreitada de saber um pouco mais sobre a aventura da travessia do Atlântico, encontrar os navios, descobrir as datas e onde desembarcaram os Batistas, D´Assumpção, Castanheiras e Feitor. Foi uma longa peregrinação pelos arquivos de registros de desembarque de passageiros, em documentos oferecidos pelo Governo Federal e pelo Governo do Estado de São Paulo. Os dados sobre os antepassados encontrei nos arquivos do museu do Tombo, disponibilizados pela Universidade de Coimbra.

Em uma dessas levas de imigrantes, em 22/04/1924, após cruzarem o Atlântico, a bordo do vapor GELRIA, desembarcaram no porto de Santos (São Paulo-Brasil) Maria Piedade, mãe e filho. Eles integravam o grupo de 721 imigrantes, na 3ª classe, de várias nacionalidades: 355 romenos, 136 tchecos eslovacos, 133 portugueses, 45 austríacos, 22 polacos, 17 alemães, 8 espanhóis, 3 turcos, 1 holandês e 1 húngaro. O pai, Eduardo Batista, tinha vindo alguns anos antes para preparar.

Pesquisas dos registros de batismo, nascimento e de casamento

As pesquisas foram feitas no site https://tombo.pt/ nos registros digitalizados efetuados pela Universidade de Coimbra. Iniciando pelo site do Tombo, busca-se a Região, pretendida, nela o Concelho, depois a Freguesia, por fim o período do ano que interessa, entre os disponíveis. Por exemplo, na Freguesia de Figueira de Lorvão há registros de “baptismo” no período de 1766-1911. E de casamento e de óbitos entre 1849-911. Nem sempre as caligrafias dos registros ajudam, ainda que muitas sejam maravilhosas. Postar fotos desses registros pode decepcionar, daí entender ser preferível disponibilizar os links, e apresentar pelo menos a imagem de um deles, para matar a curiosidade mais imediata.


 

Batistas & D´Assumpção

Eduardo Batista (25/03/1897 - 12/03/1945), nasceu em Carvalhal, batizado aos 17/04/1897, na igreja paroquial de Penacova, registro sob nº 25, páginas 10ª e 11ª, filho de Felicidade da Silva, neto materno de Francisco Lopes Loiro e Maria Benedicta. Faleceu em Barretos (SP-Br).
https://pesquisa.auc.uc.pt/viewer?id=42745&FileID=673870

Maria Piedade (16/03/1898 - 31/12/1963), nasceu Gondelim, batizada aos 9/04/1898, registro nº 26, página 23, na igreja paroquial de Penacova, filha de Maria Rosa d´Assumpção, neta materna de Maria Assumpção Peralta. Faleceu em Barretos (SP-Br).


https://pesquisa.auc.uc.pt/viewer?id=275704&FileID=1021086

Eduardo Batista e Maria Piedade d’Assunção se casaram no dia 5/04/1920, conforme registro n°12, do Registro Civil do Concelho de Penacova, página 17ª e 18ª.
https://pesquisa.auc.uc.pt/viewer?id=275887



Em Portugal, aos 25/09/1920 tiveram Eduardo Batista Filho.

Castanheira & Feitor


Manuel Rodrigues Castanheira (23/04/1906 - 7/05/1982), nasceu na Figueira, o assento de batismo nº 26, dia 2/05/1906, Igreja São João Baptista, da Figueira do Lorvão, Penacova, diocese de Coimbra, filho de António Rodrigues Castanheira e Maria do Rosário, neto paterno de Manuel Rodrigues Castanheira e Deolinda da Silva, maternos: José Simão e Maria do Rosário.

Maria Rodrigues Feitor (5/12/1907 - 12/09/1989), batismo em 25/12/1907, nº 52, Igreja São João Baptista, nasceu na Povoa, pais: Joaquim Rodrigues Feitor e Maria Pereira da Costa, neta paterna de António Rodrigues Feitor e Maria de Nossa Senhora, materna: João Rodrigues Valente e Rosaria de Nossa Senhora. Faleceu em Barretos (SP-Br).

Para ver o registro batismo/nascimento de Manuel basta clicar no link abaixo, deverá abrir na página 53, é o registro nº 26.

https://pesquisa.auc.uc.pt/viewer?id=275512&FileID=1137038

O de Maria, mesmo livro, página 90, registro nº 52, link:

https://pesquisa.auc.uc.pt/viewer?id=275512&FileID=113707


Manuel Castanheira e Maria Rodrigues Feitor casaram no dia 25/09/1926, no Registro Civil da Figueira, concelho de Penacova.


Em Portugal tiveram os filhos: Lucília (02/07/1927) e Horácio (04/03/1929)

No Brasil, Manuel Castanheira e Maria Rodrigues tiveram uma penca de filhos: Maria Terezinha, Armando, Zulmira e Izabel. Todos constituiram famílias, tiveram filhos, deram aos pais netos e alguns bisnetos

Relação de passageiros desembarcados no Rio de Janeiro e em Santos

Para encontrar as listas de passageiros utilizei fontes: para desembarque no porto Rio de Janeiro e outra no porto de Santos, respectivamente:

https://sian.an.gov.br/sianex/consulta/resultado_pesquisa_new.asp
http://www.arquivoestado.sp.gov.br/web/acervo/solicitacao_certidoes/lista_passageiros_pesquisa

Para pesquisar no site do Governo Federal é necessário criar conta e senha. Enquanto que nos arquivos do Governo do Estado de São Paulo é livre. Para pesquisar a lista de passageiros, basta usar um dos links, conforme o posto de desembarque, colocar o nome do navio e o ano, pelo menos uma dessas informações. Evidentemente, inserindo ambas ficará mais fácil a pesquisa. Se colocar o nome do navio e a data correta da chegada, ficará ainda mais fácil.


IDA/VINDA dos BATISTAS & Assumpção para o Brasil



Eduardo Batista veio para o Brasil no vapor, Zeelandia, de uma companhia holandesa. Desembarcou no dia 15/05/1922, no Rio de Janeiro. Veio sozinho, para preparar as condições para trazer a família, o destino, Barretos, uma cidade bem ao norte do estado de São Paulo, quase na divisa com o estado de Minas Gerais. Ele é p 349º na relação de passageiros.

http://imagem.sian.an.gov.br/acervo/derivadas/br_rjanrio_ol/0/rpv/prj/17898/br_rjanrio_ol_0_rpv_prj_17898_d0001de0001.pdf

Maria Piedade e Eduardo B Filho (3 anos) desembarcaram em Santos no dia 22/04/1924. Vieram no Vapor Gelria, da mesma companhia que o Zeelandia, passageiros 621º e 622º, foram para Barretos. http://www.arquivoestado.sp.gov.br/uploads/acervo/textual/mi_listavapores/BR_APESP_MI_LP_014226.pdf

No Brasil, Eduardo e Piedade tiveram outros filhos: Zulmira, Osmildo, José Batista, Arthur, Américo, Armando e Neide. Exceto Américo, os demais constituiram famílias, tiveram filhos e netos e bisentos.


IDA/VINDA dos Castanheiras & Feitor para o Brasil



Manuel R. Castanheira desembarcou, no porto de Santos, no dia 19/11/1928, veio pelo Vapor Sierra Morena, Companhia Alemã. De Santos, por viaférrea, passando por São Paulo, seguiu, para Barretos, cidade localizada norte do estado de São Paulo, distante uns 500 km (estado seria um distrito em Portugal). Veio também sozinho.

Em 6/03/1934, Maria Castanheira Feitor chegou a Santos, com Lucília (7 anos) e Horácio (5 anos), pelo Vapor Highland Brigade, do Correio Real Inglês. Foram para Barretos encontrar ao encontro de Manuel.

No Brasil, Manuel Castanheira e Maria tiveram mais filhos: Maria Terezinha, Armando, Zulmira e Izabel. Todos constituiram famílias, tiveram filhos, deram aos pais netos e alguns bisnetos

O casamento: Batista & Castanheira


Eduardo Batista Filho (25/09/1920 – 25/10/1984) que nascera em Gondelim (Penacova), que chegou ao Brasil em 22/04/1924, e foi para Barretos. Lucília Castanheira (2/07/1927 - 17/05/2020), que chegou ao Brasil em 6/03/1934 e que o destino a levou também para Barretos. Com tantas coincidências, não deve ter havido muita dificuldade para se conhecerem, tanto que se casaram aos 4/04/1944, em Barretos.

Tiveram: Marísia (1946), Marilda (1947), Marineide (1949, minha esposa) e José Eduardo (1954). Os filhos constituiram famílias, deram a eles lindos e maravilhos netos, dois dos quais levam meu sangue porque eu me casei com a filha caçula.

Assim vieram os antepassados do Concelho de Penacova, são esses os laços que nos unem a Figueira do Lorvão, Povoa, Gondelim e Carvalhal, lugares que ainda não conhecemos, mas que esperamos e desejamos conhecer.


LISTA DE PASSAGEIROS

Nem sempre as imagens baixadas das listas de passageiros ficam adequadas para publicação. É melhor serem vistas direto pelo link. Publicarei apenas uma para mostrar, as demais poderão ser vistas através dos links dos arquivos em PDF, ou até direto nos arquivos governamentais.

Eduardo Batista – desembarque no Rio de Janeiro - 15/09/1922 - Vapor Zeelandia, é o 349º da lista

http://imagem.sian.an.gov.br/acervo/derivadas/br_rjanrio_ol/0/rpv/prj/17898/br_rjanrio_ol_0_rpv_prj_17898_d0001de0001.pdf

Maria Piedade e Eduardo – desembarque em Santos - 22/04/1924 - Vapor Gelria, passageiros 621º e 622º.

Passageiros: 621º e 622º. http://www.arquivoestado.sp.gov.br/uploads/acervo/textual/mi_listavapores/BR_APESP_MI_LP_014226.pdf

Manuel Castanheira – desembarque em Santos - 19/11/1928 - Vapor Sierra Morena, é o passageiro 85º da 3ª classe http://www.arquivoestado.sp.gov.br/uploads/acervo/textual/mi_listavapores/BR_APESP_MI_LP_015090.pdf

Maria Rodrigues, Lucília e Horácio – desembarque em Santos – 5/3/1934 – Vapor Highland Brigade, passageiros 9º, 10º e 11º da 3ª classe

http://www.arquivoestado.sp.gov.br/uploads/acervo/textual/mi_listavapores/BR_APESP_MI_LP_023807.pdf


CURIOSIDADES E DÚVIDAS

Os registros, em parte, solucionaram as dúvidas existentes nas nossas famílias, quanto aos sobrenomes. Em parte, porque nos diversos registros (batismo, nascimento, casamento e listas de embarques), há divergência nas grafias.

d´Assumpção ou d´Assunção: No registro de batismo/nascimento, Maria Piedade consta como d´Assumpção. No registro de casamento aparece como d´Assunção, bem como na lista de passageiros, e no registro de Eduardo Filho. A conferir nos demais filhos do casal Eduardo e Maria Piedade.

Baptista ou Batista: em todos os documentos de Eduardo consta apenas Batista.

Feitor ou Feitora: Nos documentos portugueses consta Feitor, assim seria mesmo Maria Rodrigues Feitor antes de se casar com Manuel Rodrigues Castanheira.
 

MAPAS E DISTÂNCIAS


O Distrito de Coimbra tem 17 Concelhos: Arganil, Cantanhede, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Figueira da Foz, Góis, Lousã, Mira, Miranda do Corvo, Montemor-o-Velho, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penacova, Penela, Soure, Tábua e Vila Nova de Poiares.


Mapa de Portugal Continental e do Distrito de Coimbra. Penacova ao norte com a coloração azul mais claro.

Penacova tem 11 freguesias: Carvalho, Figueira de Lorvão, Friúmes, Lorvão, Oliveira do Mondego, Paradela, Penacova, S. Paio de Mondego, São Pedro de Alva, Sazes do Lorvão e Travanca do Mondego.

Obs: O Concelho de Penacova, que tem uma área total de 216,7km2 e, de acordo com os Resultados Preliminares dos Censos 2021, uma população de 13.119 habitantes, divide-se- desde 2013 - por 8 freguesias: Carvalho, Figueira de Lorvão, Lorvão, Penacova, Sazes do Lorvão, União das Freguesias de Friúmes e Paradela, União das Freguesias de Oliveira do Mondego e Travanca do Mondego e União das Freguesias de São Pedro de Alva e São Paio de Mondego

Algumas Distâncias (rodovias): Penacova/Gondelim: 12 km
Penacova/Coimbra: 30 km
Penacova/Figueira do Lorvão: 6,5 km
Penacova/Lisboa: 229 km
Lisboa/Santos (de avião): 7.968 km





Maria Piedade d´Assunção e Eduardo (621º e 622º)

Obs: aceito contribuições para eventuais equívocos.
Texto e grafismo: Paulo Santos

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NOTAS DA REDACÇÃO sobre causas da emigração e sobre o estado "patológico" da emigração portuguesa

“Na raiz da atitude de emigrar havia uma causa geoeconómica e social, mas, também, psicológica, familiar, política e, muitas vezes, de pressão demográfica. A falta de desenvolvimento do sector agrícola, agravada pela carência de e nas propriedades industriais, empurrava o grosso da população, maioritariamente masculina e dentro da faixa produtiva, que, numa penumbra vivenciada na subsistência de um salário de jornaleiro tão exíguo que roçava pelo mínimo indispensável ao seu parco sustento, o desejo de emigrar, sobretudo para o Brasil, no qual, o espírito alimentava o sonho de uma vida melhor.

Para a explicação do intenso movimento emigratório que se fez sentir no período em   questão, concorrem, igualmente, factores externos como a actuação das autoridades brasileiras na promoção de uma política de atracção de braços para fazer face à crescente necessidade de mão-de-obra que substitua o progressivo desmantelamento das estruturas esclavagistas e, ao mesmo tempo, explore um imenso território despovoado.”

In A emigração no concelho de Penacova através dos Registos de Passaportes (1870-1899), de Mário Jorge Martinho da Costa


“É certo que a emigração portuguesa tomou nos últimos anos caracteres realmente alarmantes, não por ela mesma, mas pelo que significava de destruição e quase morte no organismo económico da nação. Até há pouco tempo ainda nem sequer tínhamos um só tratado de comércio, que nos permitisse exportar os produtos da nossa agricultura que podem defender a nossa existência económica (…) a emigração portuguesa perderá dentro de poucos anos o seu aspecto doloroso, patológico, para assumir os caracteres de um fenómeno normal, eminentemente profícuo, e intimamente ligado, nas suas origens e funções, como no seu movimento, à própria vida da nação.”

Afonso Costa, O problema da emigração, 1911















07 março 2014

Cartas Brasileiras: notas para a história da emigração penacovense para o Brasil

Capitão Arthur Cocks

Durante algum tempo persistiu a dúvida: de qual navio Maria Castanheira, da região de Penacova, e seus dois filhos (Lucília, minha sogra, e Orácio) desembarcaram em Santos no dia 6 de março de 1934. Apenas para recordar, escrevi na “carta” anterior, que no Passaporte de Desembarque constavam os carimbos de dois navios “Highland Brigade”  e  “Ruy Barbosa”.

Navio "Ruy Barbosa"  
A dúvida não existe mais. Conforme certificado, emitido em 29/01/2014, a meu pedido, pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo, consta que chegaram pelo navio Highland Brigade, que integrava o Royal Mail Lines (Linha de Correios do Reino Unido). Diz ainda o Certificado que o navio estava sob o comando do Capitão Arthur Cocks, e que a bordo estavam  todos sob os cuidados médicos do Dr. Ernest Leach.
Ainda que nem todos os desembarques com suas listas tenham sido digitalizados ou disponibilizados para pesquisa, os arquivos digitais do Museu da Imigração   http://museudaimigracao.org.br/acervodigital são importante fonte de informação e bases para pesquisa. Tendo isso em mente, encontrei que o último desembarque do Cap. Arthur no porto de Santos se deu no dia 11/08/1940.
Acredito que a última viagem deve ter sido mesmo por volta dos anos 40, porque o Capitão aposentou-se em 1943, como comodoro, graduação na marinha de guerra inglesa, acima de capitão-de-mar-e-guerra e abaixo de contra-almirante.  Certamente, o Capt. Arthur Cocks elegantemente vestido, charmosamente fumando seu cachimbo, surgia na noite do Jantar com o Capitão, ostentando as honrosas condecorações na lapela:

Este segundo conjunto corresponde a várias condecorações recebidas por ter participado da Segunda Guerra.

A Gazeta de Londres, do dia   8 março de 1918 destaca a recomendação para honras recebidas em 31/12/1917,  assinado pelo comandante do 7 º Destroier: "Um funcionário zeloso e capaz, que tem estado desde o início da guerra, comandando, sucessivamente: " Earnest "," P-52 "e" Rother. " Atua com o seu navio com cuidado e habilidade; foi mencionado nos despachos em outubro de 1916, e é novamente recomendado pelo bom trabalho, e recomendado para o posto de Comandante”.
O Capitão Arthur, que trouxe muitos portugueses para o Brasil,  nasceu no dia 21/11/1879, em Colyton, Beer, Devon e faleceu em 16/11/1949, em Exmouth, Devon.

P.T.Juvenal Santosptjsantos@bol.com.br

Obs: as informações sobre o Capitão Arthur Cock foram obtidas no site http://www.unithistories.com/officers/rnr_officersc.html da Reserva Naval Real.

15 novembro 2013

Cartas brasileiras: o navio do meu avô português


O navio Sierra Morena que em 1928
 transportou Manuel Castanheira, emigrante de Figueira de Lorvão

Se botarmos atenção nos documentos que ilustraram a carta anterior (Matar a cobra e mostrar o pau), mais precisamente no Passaporte de Imigrante do meu avô Manuel Castanheira, de Figueira do LorvãoPenacova, que já disse por parte de minha mulher, vê-se que tendo partido de Lisboa em 13/11/1928, desembarcou em Santos, no dia 29/11/1928, como se observa no carimbo da imigração.

Pode-se ainda notar que no passaporte existe a identificação do navio, Sierra Morena; curiosamente, o nome hispânico nada tem a ver com a origem do navio.
 
Valendo-me do site do Governo do Estado de São Paulo, http://memorialdoimigrante.org.br/ pude verificar que o navio Sierra Morena era um navio alemão, da companhia Norddeutscher Lloyd (ND), construído 1924, em Bremer (Alemanha), com 11 430 toneladas, com capacidade para transportar 1 100 passageiros, cuja empresa foi fundada e 1857, tendo sido uma das mais importantes companhias de navegação alemã do final do século 19 e início do século 20.
Der Deutsche, resultado da remodelação do Sierra Morena
Despertada em mim a curiosidade, avancei um pouco mais pela internet, descobrindo que em 1928 o navio atracou nos portos de  Bremen (Alemanha), Boulogne (França), Vigo (Espanha), Lisboa (Portugal), Madeira (Portugal), Rio de Janeiro (Brasil), Santos (Brasil), Montevideo (Uruguai,) e Buenos Aires (Argentina).

Com a Segunda Guerra Mundial, passou-se a chamar-se  Der Deutsche, tendo sido remodelado, fazia cruzeiros organizados pelo Partido Nazista – Programa Força na Alegria. No final da guerra, foi “apropriado” pela Rússia, e de 1947/1949 passou a integrar da linha Ásia, com bandeira soviética. A partir de 1950 atuou apenas em águas do extremo oriente, entre Valdivostok e Kamchatka, até 1970, quando deixou de operar.   

Na internet há inúmeras referências sobre navio, inclusive com fotos. Não tendo como saber qual a fonte original, resta-me a citar pelo menos uma, dando assim os créditos pelas imagens.


Paulo Santos - S. Paulo

06 agosto 2012

Novo livro de Alfredo Fonseca sobre a diáspora foi apresentado em S. Pedro de Alva

A apresentação do livro coube ao Dr. Leitão Couto e contou com a presença do
Vice-Presidente da Câmara, Engº Ernesto Coelho, da Vereadora da Cultura,
D. Fernanda Veiga e do Presidente da Junta de Freguesia, Sr. Luís Adelino.

Alfredo dos Santos Fonseca, usando da palavra e
autografando o seu livro.

A míngua dos meios de subsistência e as condições precárias de vida das pessoas provocou e provoca ainda o "êxodo" de muitos portugueses. Se pensarmos que são perto de cinco milhões que actualmente residem em países estrangeiros teremos uma ideia mais exacta da dimensão da "Diáspora Portuguesa".
"Os Sãopedralvenses da Diáspora", trata deste fenómeno que também nesta região tem sido uma constante há dezenas de anos.  É a 5ª obra publicada por Alfredo Fonseca. Neste livro, conta histórias de vida de tantos e tantos que um dia deixaram a freguesia de S. Pedro de Alva procurando em África, no Brasil, em França, em Lisboa, e noutras partes do mundo e do país, melhores condições de vida e de trabalho para si e para os seus.
A apresentação teve lugar ontem, dia 5 de Agosto, na Casa do Povo de S. Pedro de Alva, perante numerosa assistência. 
Livros publicados por Alfredo Fonseca:
Memórias do Sofrimento (2001)
Pegadas dos meus Pés (2006)
A História do Batalhão de Artilharia 1885(2010)
Farinha Podre-S.Pedro de Alva (2011)
e agora Os Sãopedralvenses da Diáspora.