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25 abril 2024

Ecos do 25 de Abril na Imprensa Local


Falar em jornais de Penacova na década de setenta é falar do “Notícias de Penacova” que veio a lume em 1932 e suspendeu a publicação em finais de 1978, para não mais voltar.

Este periódico, em vésperas do 25 de Abril poucas notícias locais publicava, possivelmente por falta de colaboradores.

Começando a analisar em Janeiro de 1974, encontramos, por exemplo, a defesa da política ultramarina e da guerra colonial. Em Fevereiro ressalta uma crítica muito grande à ONU, associando-a a “uma feira de vaidades” ao mesmo tempo que censura as “políticas onusinas”. Ainda neste mesmo mês, é feita especial referência a discursos de Marcelo Caetano nos quais refere as “atoardas e calúnias” de “certa imprensa”. Sobre o regime, o mesmo afirma no jornal de 9 de Março que “a experiência Corporativa” é “um êxito” evidente. No jornal de 18 de Abril, meia dúzia de dias antes do 25 de Abril, é noticiada a visita de Américo Tomás às obras da Barragem da Aguieira.

A 23 de Março, citando-se um discurso do Ministro Moreira Baptista, salienta-se que os Governadores Civis devem evitar que “alguns eclesiásticos se façam eco de críticas destrutivas que com má-fé são postas a circular para combater a acção governativa, esquecendo-se que a sua missão na Terra deve ser somente evangélica e não política”. Neste particular, apesar de não ter sido notícia no jornal, como é evidente, dizia-se que o Padre António Veiga, pároco de Travanca, Oliveira e Almaça, com grandes preocupações sociais e culturais, chegara a ter informadores da PIDE a escutar as suas homilias.

Estranhamente (ou talvez não) o jornal que tem a data de 27 de Abril alheia-se por completo dos acontecimentos que estão na ordem do dia. Só a edição de 4 de Maio faz eco da Revolução, publicando fotografias de Costa Gomes e de António de Spínola. O editorial, intitulado “Mudança de Rumo” apresenta-se ainda muito cauteloso e desconfiado, indo rebuscar as convulsões da I República e apresentando o 28 de Maio de 1926 como o início de uma fase que “não obstante os naturais defeitos, manteve a paz e o sossego durante meio século e transformou completamente a fisionomia da Nação.” O autor do artigo duvida muito que os portugueses saibam usar a Liberdade e teme, mesmo, que “a emenda seja pior que o soneto.”

Nesta data, dá-se realce ao Manifesto do Movimento das Forças Armadas. O jornal seguinte virá a ser publicado só passados quinze dias, a 18 de Maio, dado que a edição do dia 11 não se publicou, por motivos logísticos, conforme foi comunicado. Neste 18 de Maio já não consta o nome de Joaquim de Oliveira Marques como director. Agora, é o Pároco de Penacova, João da Cruz Conceição, que assume a direcção. Joaquim de Oliveira Marques escreverá em 13 de Julho na pequena nota intitulada “Palavra de Despedida”, que saía porque “a vontade de no máximo 2% por cento da população do concelho” (…) elegera “novas autoridades“ que impuseram a sua saída.”

O 1º de Maio de 74 foi, também em Penacova, o dia em que o Povo “saiu à rua” de uma forma mais visível. A notícia de um ou outro episódio só virá a público no dia 18, como vimos. Relata o jornal que “muitas pessoas se concentraram no Terreiro (…) realizando-se em seguida uma sessão pública no Salão dos Paços do Concelho. Muitos democratas tomaram a palavra para enaltecer o Movimento de Libertação”.

Nesta sessão foi eleita “uma comissão para gerir os interesses do Município”. Comissão que integrava os seguintes nomes: “Fernando Ribeiro Dias, tesoureiro da Fazenda Pública, Manuel Ribeiro dos Santos (comerciante), Rui Castro Pita (engenheiro civil), Joaquim Manuel Sales Guedes Leitão (notário), José Marques de Sousa (proprietário ), Teófilo Luís Alves Marques da Silva ( professor liceal), Américo Simões (industrial ), Adelaide Simões (farmacêutica ), Artur José do Amaral (estudante de Direito ), Artur Manuel Sales Guedes Coimbra (médico), António Coimbra Soares (professor e comerciante) e António de Sousa (electricista).

Esta Comissão alargada, que tomou posse em 2 de Maio, elegeu por sua vez o Presidente e o Vice-Presidente, respectivamente, Teófilo Luís Alves Marques da Silva e António de Sousa. Esta tomada de posse contou com a presença do Presidente e Vice- Presidente cessantes, Álvaro Barbosa Ribeiro e Francisco José Azougado da Mata. Os mesmos declararam ter solicitado e obtido a exoneração dos seus cargos junto do Comandante da Região Militar de Coimbra”. Álvaro Barbosa Ribeiro, à época Deputado, acabaria por passados alguns dias ser detido e preso em Lisboa e Coimbra, acabando o processo por ser arquivado por falta de provas.

Ainda sobre este 1º de Maio no concelho de Penacova lê-se numa local de Lorvão que se tratou de “um dia inesquecível em que todo o povo saiu em massa à rua e com ele a Filarmónica, entoando o Hino Nacional.”

No dia 5 de Maio, domingo, foram em diversas freguesias escolhidos os elementos para presidirem às respectivas Juntas. Em Penacova e Lorvão tal acto teve lugar no dia 12. Em Penacova também neste dia foi eleita nova direcção da Casa do Povo. Por sua vez em Lorvão, realizou-se uma sessão pública na sede da Associação Recreativa Lorvanense com a presença de membros da Comissão Administrativa concelhia e de um representante do Movimento Democrático de Coimbra. Foi notória a presença de um grande número de pessoas, sublinhando o articulista que predominavam as mulheres da povoação de Lorvão que “por mais de uma vez interromperam a sessão”. De Friúmes chega a notícia que ali se deslocara uma sub-comissão da Câmara Municipal para numa “grandiosa reunião sondar se era da vontade do povo continuar a mesma Junta, o que acabou por suceder.”

Sabe-se que em S. Pedro de Alva igual procedimento se fez e com os mesmos resultados: manutenção da Junta.

Com a finalidade de “instruir o povo, esse povo unido, esse povo honesto” para ser “pormenorizadamente instruído acerca da nossa política nacional actual – escreve o correspondente do NP em Friúmes – havia sido marcada uma reunião para o dia 9 de Junho. Recorde-se que estas sessões de esclarecimento e dinamização cultural, assim designadas e geralmente orientadas por elementos do MFA, no nosso caso, por militares da Região Militar de Coimbra, tiveram lugar na maioria das freguesias. Por exemplo, em Penacova a 17 de Fevereiro de 1975, as ovações ao MFA ( O povo está com o MFA) estenderam-se até cerca das 3 horas da madrugada! Ainda na vila, a 18 de Maio, teve lugar durante a tarde mais uma sessão de “Dinamização Cultural” com a presença das Filarmónicas do Concelho, da Orquestra Típica Infantil de Penacova e a Banda de Música do Regimento de Serviços de Saúde. Houve também uma sessão de cinema na Casa do Povo, dado que devido à chuva o programa não pôde ser feito no exterior como estava previsto. Refere o jornal que a dinamização da população em ordem à participação do povo neste programa fora feita pelos 1ºos sargentos penacovenses, José Alvarinhas e José Alberto. Penacova, Friúmes, mas também Chelo. Aqui, no dia 8 de Maio, no Ginásio Recreativo, teve lugar uma “sessão de esclarecimento pelas Forças Armadas”.

Ilustrativo do ambiente que se viveu por estes tempos, recordemos o “assalto” à Casa das Enfermeiras em Lorvão, edifício do antigo Hospício e que agora apenas tinha duas pessoas a residir. Em Agosto de 75, depois de várias reuniões inconclusivas e manifestações populares como aquela que uns tempos antes reunira mais de mil pessoas e onde falaram diversos oradores, entre os quais um representante do MRPP, em defesa da ocupação do edifício para Casa do Povo, que funcionava em condições muito precárias. Neste Agosto o povo decide avançar, pôr os móveis na rua e tomar conta das instalações. Sobre este episódio, António Simões, ex-cozinheiro do hospital, recordará mais tarde, a 30 de Abril de 1998 ao jornal penacovense Nova Esperança, essa “manifestação popular onde o povo é que mais ordenou”. A Comissão Instaladora do Hospital reconheceu, resignada, que “o povo entusiasmado com o que ouvia na rádio e lia nos jornais, resolveu tomar uma atitude sem o seu consentimento”. No fim de contas “O Povo é quem mais ordena!”

Outros episódios poderiam ser recordados. Vamos referir por agora o célebre “Dia de Trabalho pela Nação”. Foi a 6 de outubro de 1974 que, sob proposta de Vasco Gonçalves e tendo a dispensa da Conferência Episcopal, foi pedido que as pessoas dedicassem um dia de trabalho voluntário a favor do País. Referiremos o caso de Travanca, Rebordosa, Chelo e Lorvão. Em Travanca a Junta de Freguesia lançou o apelo e muitas pessoas, incluindo o Pároco, lançaram mãos à obra e procederam ao arranjo do caminho que ligava o ramal da Igreja ao Cemitério. Na Rebordosa, a Juventude (dos 12 aos 23) deixou “as ruas num mimo”. Em Chelo, um grupo “constituído por pessoas que normalmente não pegam na enxada e na picareta “deu início às escavações para a construção de um fontenário”. Por fim, em Lorvão os jovens estudantes reuniram em grupos de trabalho e (…) limparam as ruas da povoação. Mas Lorvão não se ficou por aqui. As paliteiras juntaram-se em grupos fazendo o seu dia de trabalho. Como resultado da venda de palitos (…) recolheram, juntamente com ofertas de voluntários a quantia de 2.485 escudos, que entregaram para os Deficientes-Mutilados das Forças Armadas.

Como sabemos, foi Teófilo Luís Alves Marques da Silva, que desde 1971 era professor de História e Director do Ciclo Preparatório, que assumiu a presidência da Comissão Administrativa Provisória. Em entrevista ao Jornal de Penacova de 15/12/2002 dirá que “tal como um pouco por todo o país a revolução dos cravos foi recebida em Penacova com grande júbilo, pelo menos pelas pessoas com quem contactava no café, na pensão e nas ruas.” Recordará entre outros aspectos a falta gritante de estruturas e de verbas. Por vezes eram uns cerca de 1000 contos feitos na venda de madeira que conseguiam tapar os buracos maiores. Com mágoa recordará, igualmente, quando certo dia um grupo de pessoas quis invadir a Câmara e como nesse dia não estava, agrediram à bofetada o Eng. Castro Pita,”um homem de 60 anos que tanto deu à sua terra”. “Achavam que eu era um indivíduo perigoso, que tinha levado a Câmara à falência, etc… Por estas e por outras acabou por pedir a demissão. Em Agosto de 1975 a comissão fica demissionária. Vai-se manter até Abril de 76. Nesta data dá-se a demissão, agora em bloco. Perante isso foi nomeado para assegurar a presidência da Câmara até às primeiras eleições autárquicas de Dezembro de 76 , como gestor municipal, José Alberto Rodrigues Costa.

Para terminar detenhamo-nos na legenda que acompanhava um foto de Penacova oferecido ao jornal pelo sr. LuísCunha Menezes e publicada na edição de 18 de Maio de 1974:

“Que à pureza dos ares que invadem a nossa região se possam assemelhar os ventos da libertação que sacudiu o país a partir do 25 de Abril. Que a caminhada de Paz e a Liberdade iniciada pelas Forças Armadas, de mãos dadas com o povo, não se detenha até alcançar toda a terra portuguesa.”

David Almeida 

(Comunicação apresentada hoje na sessão solene das comemorações do 25 de Abril em Penacova)




24 abril 2024

"Um menino chamado Zeca": Coro Vox et Communio assinala o 25 de Abril

Hoje, dia 24, e no dia 26 (sexta), o Coro Vox et Communio irá apresentar o seu
espectáculo “Um menino chamado Zeca” baseado no livro infantil de José Jorge Letria - informa-nos Maria da Graça Antunes, Presidente da direção deste Coro.

Os concertos, marcados para as 21:30h, terão lugar na Casa do Povo de São Pedro de Alva e no Auditório Municipal de Penacova, respectivamente.



A partir da narração dos textos do livro, os concertos pretendem celebrar os 50 anos do 25 de Abril revivendo, através dos textos e da música, a vida e obra de Zeca Afonso. 

O espectáculo unirá em palco as vozes do Vox et Communio e dos coros infantis e juvenis da Escola de Artes de Penacova (EAP), o ensemble de guitarras, ensemble juvenil e grupo de dança da EAP. 

Contará, ainda, com a participação de vários artistas naturais do concelho de Penacova: Sandra Henriques (narração), Maria da Graça Antunes (canto), Carolina Duarte (canto), Eduardo Henriques (violino), João Martinho (viola de fado) e João Alves (guitarra portuguesa), que se juntam num momento performativo evocativo das sonoridades de Abril. 

Os concertos são de entrada livre.

20 abril 2024

Poetas penacovenses [14]: Cheirava a Abril


C h e i r a v a   a   A b r i l

Luís Pais Amante

 

Podia ter sido em Março, em Maio, quiçá em Junho

O momento para rebentar a pólvora junta no barril

Mas foi em Abril…

Abril era o mês sem tempo, sem ar cinzento, primaveril

No ano andámos no pressentimento preso na mudança

Em Março não deu p’ra ser

Se calhar deu-se com a língua no dente

Talvez o entusiasmo se tenha congelado

O Soldado ficado atrapalhado

Ou o Major, descoordenado

Certo é que não deu pra “construir” Revolução

Então, nessas horas de esperança


Começara 1974

Na Faculdade demos corda ao sapato

Uns chevrolet’s foram postos a arder

Uns vidros foram partidos a derreter

Uns tropeções ocorreram sem saber

Umas corridas valentes aos “gorilas”

E uma crença grande num amanhecer

Diferente


Podia ter sido muito antes de ter sido

A junção de uma quase toda Nação

Para nos dar carácter e legitimação

Mas foi em Abril…

Abril 25 em dia, antecipou Maio em 1

O Militar pôs-se ao lado do Trabalhador

Os rios passaram a correr em Liberdade

Dos céus vieram sons de Fraternidade

E nós, na Universidade, Estudantes

Começámos a sonhar

E, com ingenuidade, a equacionar

Vai haver oportunidades em Igualdade?


Apesar de espalhado o cheiro em Cravo

Sadio e bom, fresco em frisson, desde lá

Ainda não se conseguiu dar Igualdade cá

Sequer democrática, pá

E isso não pode deixar de nos fazer pensar

Porque, em boa verdade

Sem Igualdade básica, Democracia não há

Minha Gente!


Luís Pais Amante | Casa Azul

Memórias: Recordando o Dia 25, as cumplicidades e os sonhos…



24 abril 2022

Notas para a história do 25 de Abril em Penacova

 


”A revolução dos cravos foi recebida com grande júbilo, pelo menos, por parte das pessoas com quem eu contactava. Claro que esse sentimento positivo não era unânime, havia pessoas que estavam mais identificadas com o ideal do Estado Novo, mais “encostadas” ao antigo regime e, naturalmente, tinham as suas próprias ideias que não coincidiam com as que tinham levado à revolta de Abril.”

Teófilo Luís Alves Marques da Silva, in Jornal de Penacova, 2002


As manifestações públicas mais significativas só aconteceram no dia 1 de Maio. A seguir à concentração em frente da Câmara Municipal teve lugar uma sessão no Salão Nobre dos Paços do Concelho onde foi eleita uma Comissão para gerir o Município.

Dessa Comissão faziam parte Fernando Ribeiro Dias, Manuel Ribeiro Santos, Rui Castro Pita, Joaquim Manuel Sales Guedes Leitão, José Marques de Sousa, Teófilo Luís Alves Marques da Silva, Américo Simões, Adelaide Simões, Artur José do Amaral, Artur Manuel Sales Guedes Coimbra, António Coimbra Soares e António de Sousa. A 2 de Maio tomou posse e de entre os seus elementos foi escolhido presidente Teófilo Luís Alves Marques da Silva, ficando como vice-presidente, António de Sousa. Teófilo Marques da Silva, natural do Porto, licenciado em História, militante do Partido Comunista Português, era professor e, desde 1971, director do Ciclo Preparatório de Penacova.

Esta Comissão acabou por apresentar a demissão em Agosto de 1975, mantendo-se, entretanto, em funções por mais algum tempo. Reunida com os representantes locais dos Partidos, a Comissão indigitou para Gestor Municipal o 1º Sargento de Infantaria José Alberto Costa, que exerceu essas funções entre 24 de Abril  e 31 de Dezembro de 1976.

Em Dezembro de 1976 têm lugar as primeiras eleições para as Autarquias Locais, saindo vencedor o Partido Socialista, passando a presidir à Câmara Municipal  Artur Manuel Sales Guedes Coimbra e à Assembleia Municipal Eurico Almiro Meneses e Castro. Nesse acto eleitoral, nas listas para a Câmara, o Partido Socialista obteve 2081 votos, o Partido Popular Democrático 2029, o Centro Democrático Social 1302 e a Frente Eleitoral Povo Unido 550 votos.

Recorde-se que nas eleições legislativas de 25 de Abril de 1976 o Partido Popular Democrático havia vencido com 3041 votos, seguido do Partido Socialista com 2884, Centro Democrático Social com 978 e Partido Comunista Português com 515 intenções de voto.

Recordemos mais um ou dois episódios que se encontram registados na imprensa local. No dia 6 de Outubro de 1974, milhares de pessoas em todo o pais decidiram responder ao apelo para a realização de um dia de trabalho voluntário para a Nação. 

Também em Penacova a iniciativa foi bem acolhida. Escreveu “Luineses” no Notícias de Penacova:

 “Mostrar desta maneira que comungamos num Portugal ressurgido (…) que ajudamos de alguma maneira a economia nacional com o produto do nosso esforço. Procedendo assim mostramos obras e não paleio que disso está o mundo cheio. É assim que se vê quem são os Democratas”. 

Outro apontamento refere-se ao assalto ao “Lar das Enfermeiras” em Lorvão para servir de Casa do Povo. Estávamos em Agosto de 1975: “O Povo entusiasmado com o que ouve na rádio e lê nos jornais, resolveu tomar uma atitude, tomando as instalações do lar”.

De referir, por último, que a imprensa local, mais propriamente o Notícias de Penacova, dirigido por Joaquim de Oliveira Marques, foi cautelosa face aos acontecimentos. Só no dia 4 de Maio aquele jornal dá algum destaque ao Movimento das Forças Armadas. O editorial, intitulado “Mudança de Rumo”, mantém ainda muitas reticências quanto ao correcto uso da liberdade restituída ao povo português.

 


24 abril 2017

Comemorações do 25 de Abril em Penacova: homenagem aos autarcas eleitos em 1976

O Município de Penacova vai, amanhã, homenagear, na Sessão Comemorativa do 25 de Abril, os autarcas eleitos em 12 de Dezembro de 1976. Faz agora quarenta anos, estes homens e mulheres davam os primeiros passos na concretização dos Programas Eleitorais.
25 de Abril e Poder Local Democrático
[composição de capa de folheto de 76]
Consultando a imprensa local da época, é ao Notícias de Penacova, na altura tendo como director o Padre Manuel Alves Maduro, que vamos recorrer para trazer à memória dos penacovenses os nomes dos autarcas eleitos. Não dispomos de dados relativos a S. Paio do Mondego, além do nome de José Arménio Castanheira Cunha, e de Paradela da Cortiça, onde presidiu Joaquim da Fonseca Almeida. S. Paio (e cremos que também Paradela) não constarão do Notícias de Penacova por terem Plenário de Cidadãos Eleitores e não Assembleia de Freguesia. Seria necessário consultar o Arquivo Municipal, tarefa que não nos foi possível, de momento, levar a cabo. Do facto pedimos desculpa aos nossos leitores, bem como às pessoas (ou seus familiares) que naquele tempo se dedicaram à causa pública naquelas duas freguesias. Mais do que içar bandeiras e lutas partidárias (sem esquecer o importante papel dos Partidos Políticos), pretendemos com este apontamento homenagear e recordar o nome daqueles que foram eleitos, tomaram posse  e exerceram os seus mandatos, dignificando a Democracia e servindo a sua terra.

Notícias de Penacova, 7 de Janeiro de 1977

Resultados para a Assembleia Municipal e para a Câmara Municipal
Vejamos então as listas de candidatos eleitos para os órgãos do município:



Para os Órgãos da Freguesia foram eleitos:

25 abril 2015

O 25 de Abril de 1974 em Penacova


Como em muitos pontos do país, a notícia da Revolução foi recebida em Penacova com um misto de entusiasmo e de apreensão por parte da população em geral.
Foi só no dia 1 de Maio que  as manifestações públicas e mais significativas se fizeram sentir. Neste dia, muitas pessoas se concentraram em frente da Câmara Municipal e de seguida tomaram parte numa sessão no Salão Nobre dos Paços do Concelho. Foi enaltecido o Movimento das Forças Armadas e foi eleita uma Comissão para gerir o Município (recorde-se que o Presidente da Câmara no momento do 25 de Abril era o Dr. Álvaro Barbosa Ribeiro).
Dessa Comissão  faziam parte Fernando Ribeiro Dias, Manuel Ribeiro Santos, Rui Castro Pita, Joaquim Manuel Sales Guedes Leitão, José Marques de Sousa, Teófilo Luís Alves Marques da Silva, Américo Simões, Adelaide Simões, Artur José do Amaral, Artur Manuel Sales Guedes Coimbra, António Coimbra Soares e António de Sousa.
Tomou posse a 2 de Maio e de entre os seus elementos foi escolhido para presidir à mesma o Dr. Teófilo Luís Alves Marques da Silva, ficando como vice-presidente, António de Sousa. O terceiro elemento com mais responsabilidades no executivo passou a ser também  o Engº Castro Pita.
Teófilo Marques da Silva, natural do Porto, licenciado em História, militante do Partido Comunista Português era professor e director do Ciclo Preparatório de Penacova desde 1971.
Perante as dificuldades em satisfazer os anseios das populações e também confrontados com algumas atitudes como aquela em que Castro Pita foi agredido em plena sessão da Câmara, a Comissão apresenta a demissão em Agosto de 1975, mantendo-se entretanto em funções por mais algum tempo. Em entrevista concedida em 2002 ao Jornal de Penacova, Teófilo Marques recorda o ambiente que se viveu em Penacova no 25 de Abril.”A revolução dos cravos foi recebida com grande júbilo, pelo menos, por parte das pessoas com quem eu contactava. Claro que esse sentimento positivo não era unânime, havia pessoas que estavam mais identificadas com o ideal do Estado Novo, mais “encostadas” ao antigo regime e, naturalmente, tinham as suas próprias ideias que não coincidiam com as que tinham levado à revolta de Abril. Por mim, eu já há muito que assumia a minha tendência para as ideias de esquerda.”
Teófilo Luís Alves Marques da Silva (2 de Maio 74 a Agosto de 75:
 nesta data pede a demissão ficando em funções durante
 mais algum tempo)) e
José Alberto Costa (24 de Abril de 76 a 31 Dez 76)

Consumada a intenção de se demitir, a Comissão, reunida com os representantes locais dos Partidos entendeu indigitar para Gestor Municipal, o 1º Sargento de Infantaria, José Alberto Costa, que exerceu essas funções entre 24 de Abril  e 31 de Dezembro de 1976.
Refere o jornal Notícias de Penacova que “depois de muito instado e sendo indivíduo sempre pronto a dar o seu melhor a bem do País, militar irrepreensível, acabou por aceitar e a população penacovense congratulou-se com o facto; estava garantida a continuidade da obra municipal, iniciada pela Comissão Administrativa cessante e que neste jornal foi bem demonstrada.”

25 abril 2014

Memórias do 25 de Abril em Penacova


A notícia da Revolução foi recebida em Penacova, como em muitos pontos do país, com um misto de entusiasmo e de apreensão por parte da população em geral. Foi só no dia 1 de Maio que  as manifestações públicas e mais significativas se fizeram sentir. Neste dia, muitas pessoas se concentraram em frente da Câmara Municipal e de seguida tomaram parte numa sessão no Salão Nobre dos Paços do Concelho. Foi enaltecido o Movimento das Forças Armadas e foi eleita uma Comissão para gerir o Município ( recorde-se que o Presidente da Câmara no momento do 25 de Abril era o Dr. Álvaro Barbosa Ribeiro).

Dessa Comissão  faziam parte Fernando Ribeiro Dias, Manuel Ribeiro Santos, Rui Castro Pita, Joaquim Manuel Sales Guedes Leitão, José Marques de Sousa, Teófilo Luís Alves Marques da Silva, Américo Simões, Adelaide Simões, Artur José do Amaral, Artur Manuel Sales Guedes Coimbra, António Coimbra Soares e António de Sousa.

Tomou posse a 2 de Maio e de entre os seus elementos foi escolhido para presidir à mesma o Dr. Teófilo Luís Alves Marques da Silva, ficando como vice-presidente, António de Sousa. O terceiro elemento com mais responsabilidades no executivo passou a ser também  o Engº Castro Pita.


Teófilo Luís Marques da Silva
(Foto do Jornal de Penacova 2002)

Teófilo Marques da Silva, natural do Porto, licenciado em História, militante do Partido Comunista Português era professor e director do Ciclo Preparatório de Penacova desde 1971.

Perante as dificuldades em satisfazer os anseios das populações e também confrontados com algumas atitudes como aquela em que Castro Pita foi agredido em plena sessão da Câmara, a Comissão apresenta a demissão em Agosto de 1975, mantendo-se entretanto em funções por mais algum tempo. Em entrevista concedida em 2002 ao Jornal de Penacova, Teófilo Marques recorda o ambiente que se viveu em Penacova no 25 de Abril.”A revolução dos cravos foi recebida com grande júbilo, pelo menos, por parte das pessoas com quem eu contactava. Claro que esse sentimento positivo não era unânime, havia pessoas que estavam mais identificadas com o ideal do Estado Novo, mais “encostadas” ao antigo regime e, naturalmente, tinham as suas próprias ideias que não coincidiam com as que tinham levado à revolta de Abril. Por mim, eu já há muito que assumia a minha tendência para as ideias de esquerda.”
José Alberto Costa
(Foto do Jornal de Penacova 1998)
Consumada a intenção de se demitir, a Comissão, reunida com os representantes locais dos Partidos entendeu indigitar para Gestor Municipal, o 1º Sargento de Infantaria, José Alberto Costa, que exerceu essas funções entre 24 de Abril  e 31 de Dezembro de 1976.

Refere o jornal Notícias de Penacova que “depois de muito instado e sendo indivíduo sempre pronto a dar o seu melhor a bem do País, militar irrepreensível, acabou por aceitar e a população penacovense congratulou-se com o facto; estava garantida a continuidade da obra municipal, iniciada pela Comissão Administrativa cessante e que neste jornal foi bem demonstrada.”

Em Dezembro de 1976 têm lugar as primeiras eleições para as Autarquias Locais, saindo vencedor o Partido Socialista, passando a presidir à Câmara Municipal o Dr. Artur Manuel Sales Guedes Coimbra e à Assembleia Municipal o Dr. Eurico Almiro Meneses e Castro. Nesse acto eleitoral, nas listas para a Câmara, o PS obteve 2081 votos, o PPD, 2029, o CDS, 1302 e a FEPU, 550 votos.
Recorde-se que nas eleições legislativas de 25 de Abril de 1976 o PPD havia vencido com 3041 votos, seguido do PS com 2884, CDS com 978 e PCP com 515.


Recordemos mais um ou dois episódios que se encontram registados na imprensa local.

No dia 6 de Outubro de 1974, milhares de pessoas em todo o pais decidiram responder ao apelo para a realização de um dia de trabalho voluntário para a Nação. Também em Penacova a iniciativa foi acolhida. “Mostrar desta maneira que comungamos num Portugal ressurgido…Que ajudamos de alguma maneira a economia nacional com o produto do nosso esforço. Procedendo assim mostramos obras e não paleio que disso está o mundo cheio. É assim que se vê quem são os Democratas” – escrevia Luineses no NP.

Um outro apontamento refere-se à tomada do “Lar das Enfermeiras” (em Lorvão) pelo povo em Agosto de 1975 para servir de Casa do Povo. 

Escreve o jornal “ O Povo entusiasmado com o que ouve na rádio e lê nos jornais, resolveu tomar uma atitude, tomando as instalações do lar”. 
 
Assalto ao "Lar das Enfermeiras" em Lorvão
(fotografia publicada pelo Jornal Nova Esperança)

De referir, por último que a imprensa local foi cautelosa perante a revolução. Só no dia 4 de Maio o “Notícias de Penacova” dá algum destaque aos acontecimentos .O editorial “Mudança de Rumo” mantém contudo muitas reticências quanto ao correcto uso da liberdade restituída ao povo português. 

24 abril 2014

Notas para a história do 25 de Abril em Penacova

Leia amanhã neste espaço alguns apontamentos sobre a vivência do 25 de Abril e dos momentos que se lhe seguiram.


Comemorações do 40º Aniversário do 25 de Abril

O Nunicípio de Penacova vai evocar solenemente o 25 de Abril com uma cerimónia que decorrerá pelas 11 horas do dia 25 no edifício dos Paços do Concelho. 

No Sábado, dia 26, pelas 21:30, no Auditório da Biblioteca Municipal será exibido o filme  "Capitães de Abril".

No domingo, dia 27, pelas 16 horas,  na Biblioteca Municipal, terá lugar o colóquio  "25 de abril, o Passado e o Presente", tendo como oradores o Prof. Doutor Luís Reis Torgal e o Coronel Artur Pita Alves.

Também a exposição  "As Paredes da Liberdade" estará patente ao público no edifício da Biblioteca Municipal de Penacova até ao dia 16 de Maio.

SAIBA MAIS ACEDENDO AO SITE DA CM_PENACOVA





25 abril 2013

Evocação do 25 de Abril

 
Hoje pelas 14.30 realiza-se no Salão Nobre dos Paços do Concelho uma Sessão Evocativa do 25 de Abril, precedida do Hastear da Bandeira Nacional. O Coro Vox et Communio interpretará o Hino Nacional. Refira-se que pelas 15:30 terá também lugar uma Sessão Ordinária da Assembleia Municipal.
 

21 abril 2013

Álvaro Cunhal evocado em Penacova

Aspectos da sessão de Abertura da Exposição
Conforme noticiado, realizou-se ontem à noite, no Auditório / Biblioteca Municipal de Penacova, uma sessão cultural integrada no programa de comemorações do Centenário de Álvaro Cunhal,  com a presença de Jorge Pires, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP. Pretendeu-se homenagear o percurso político de Álvaro Cunhal, bem como a sua obra artística (letras e artes plásticas). O evento, resultante de uma parceria entre a Comissão Concelhia de Penacova do PCP, presidida por Eduardo Ferreira, e a Câmara Municipal de Penacova, integrou a abertura de uma exposição biográfica (que inclui também alguns desenhos feitos na prisão) sobre aquele político que marcou a vida portuguesa do séc. XX e a exibição do filme "Cinco Dias, Cinco Noites”,  realizado por Fonseca e Costa em 1996, seguido de debate.
Contextualizando a exibição do filme (baseado no livro com o mesmo nome escrito por A. Cunhal, com o pseudónimo de Manuel Tiago), o historiador Luís Reis Torgal,  fez uma breve intervenção. A exposição vai ficar patente ao público durante cerca de um mês.
Em 18 de Novembro de 1989 Álvaro Cunhal esteve no nosso concelho conforme nos recordamos e se pode ver num excerto da notícia publicada no Nova Esperança.

Introdução e debate sobre o filme
 
Pormenores da Exposição patente no Centro Cultural
 
 
 
DESLOCAÇÃO DE ÁLVARO CUNHAL A PENACOVA EM 1989
 
Excerto da notícia do NE (1989)
 
Imagens: Tiago Ferreira e Penacova Online

17 abril 2013

Centenário do nascimento de Álvaro Cunhal assinalado em Penacova

Cartaz do Evento
Terá lugar no próximo dia 20, Sábado pelas 21h00, no Auditório / Biblioteca Municipal de Penacova uma sessão integrada no programa de comemorações do Centenário de Álvaro Cunhal. 
A iniciativa, uma organização conjunta da Comissão Concelhia de Penacova do PCP e da Câmara Municipal de Penacova contará com a abertura de uma exposição biográfica e com a exibição do filme "Cinco Dias, Cinco Noites", em torno do qual se realizará um pequeno debate. Participam o Doutor Luís Reis Torgal, Historiador e Jorge Pires, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP.
Eduardo Ferreira

Convite