24 setembro 2017

Grupo Etnográfico de Lorvão preserva em CD património popular musical

Foi hoje lançado o segundo CD do Grupo Etnográfico de Lorvão tendo como título “louro vão". Recorde-se que já o primeiro trabalho discográfico (1999) - “Lauribano” – remetia para a lenda do “loureiro oco”, em torno da toponímia de Lorvão. A sessão, que decorreu no Claustro do Mosteiro de Santa Maria de Lorvão, contou com a presença do Presidente da Federação do Folclore Português, Prof. Doutor Daniel Café. Também presentes na mesa, o Presidente da Associação Pró-Defesa do Mosteiro de Lorvão, Prof. Doutor Nelson Correia Borges, o Presidente da Câmara Municipal de Penacova, Dr. Humberto Oliveira, a Vereadora da Cultura, D. Fernanda Veiga, o Presidente da Junta de Freguesia de Lorvão, Rui Baptista, e também o Editor, Emiliano Toste.

O trabalho agora apresentado e que dá corpo ao 32º volume da coletânea "Folclore Português" inclui vinte temas do repertório do Grupo: CANÇÃO DOS PALITOS, VERDE GAIO DE LORVÃO, MALHÃO DE LORVÃO, AS TRÊS MARIAS, VIRGEM QUERIDA, SÃO JOÃO DE LORVÃO, VIRA DA TI PITORRA, AI LI, AI LI, AI LÉ, VIRA DE LORVÃO, SENHOR LADRÃO, OH QUE PRAIA TÃO LINDA E TÃO BELA, VIRA ESPANHO, LESTALADO, CANTAR AO MENINO, ACORDAI, GLÓRIA IN EXCELSIS DEO, PASTORINHOS DO DESERTO, INFANTE SUAVÍSSIMO, JANEIRAS e MORENINHA.

“Durante séculos ecoaram no estreito Vale de Lorvão as vozes das monjas de S. Bernardo, entoando no coro do seu mosteiro os ofícios divinos, acompanhados pelo som mavioso e potente do órgão, desde ainda antes do dia clarear até o silêncio da noite tudo envolver. Como podiam ficar indiferentes as gerações de Lorvanenses a esta educação musical, a este excitar do sentido auditivo?” - lê-se no folheto que acompanha o CD. 

Continuando a leitura deste texto assinado pelo Professor Nelson Correia Borges percebemos ainda melhor as raízes musicais das gentes de Lorvão, bem como a razão de ser de todo este projecto que conta já com quase três décadas de existência:

“O gosto pela música e pelo canto tornou-se quase genético. As gentes de Lorvão notaram-se pelo seu gosto de cantar, pelas vozes e pela capacidade de tudo lhes “ficar no ouvido”. A própria maneira de falar refletia este gosto pela frase musicada.” 
Foto retirada da "contracapa" do CD

“O património popular musical de Lorvão é uma riqueza pouco vulgar: cantigas religiosas e profanas, cantigas dançadas que atravessaram gerações e seria lastimável deixar cair no esquecimento. Por isso se constituiu o Grupo Etnográfico de Lorvão que mediante um aturado e profundo trabalho de pesquisa e de reconstituição é o garante da preservação deste património imaterial, que mais do que nenhum outro, define e individualiza a mulher e o homem de Lorvão. E neste mundo em transformação cada vez mais acelerada é importante que as gerações vindouras possam construir o futuro sobre raízes solidamente alicerçadas no nosso chão.”

A poucos meses do Ano Europeu do Património Cultural 2018 em que iremos, com mais insistência, ouvir falar da “ligação das pessoas e das comunidades com o seu património, as suas tradições e os seus saberes” e da necessidade de promover cada vez mais todo um conjunto de “estratégias de desenvolvimento local na perspetiva da exploração do potencial do património cultural”, o lançamento deste trabalho vem, antecipadamente, alimentar a esperança e mesmo a certeza de que muito disso é possível, quando uma comunidade (pessoas, instituições, poderes autárquicos) adquire consciência dos seus valores culturais e trabalha no sentido de os conhecer, proteger e conservar.


Fotos: Penacova Online


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