26 novembro 2015

CARTAS BRASILEIRAS: Hopalong Cassidy

O tema da insegurança, tão actual,  na crónica de PAULO SANTOS:

Quem passa dos 50 anos sabe de quem estou falando. Para os mais novos eu explico. Trata-se de um herói dos filmes de faroeste. Era estrelado por William Boyd. O cavalo branco era Topper. As produções da série foram feitas até 1948. Todavia, como naquela época havia demora na distribuição dos filmes, quando a série chegou à minha cidade, eu já tinha idade para ir ao cinema assistir às vesperais dominicais. Tom Mix foi um herói mais antigo, do tempo de minha mãe. Da minha época de menino: Rocky Lane, Roy Rogers, Gene Autry, Durango Kid, Zorro, Tarzan, e o mais moderninho, Batman.
E o que todos tinham em comum? Eram defensores da lei. Eram os baluartes do bem. No fim da história, sempre o bem vencia o mal. Os heróis partiam, empinando seus cavalos, Tarzan “viajando” pelos cipós, gritando: Uauauuu!
Na verdade, não era uma despedida. Era apenas um até logo, como que dissessem: precisando estarei aqui. Contem comigo! Os bandidos fugiam deles como o diabo foge da cruz. Não havia dúvidas em saber quem era quem. Os mais fracos contavam com protetores corajosos, que os defendiam contra os bandidos, gananciosos e corruptos. E hoje? Todo mundo acuado *, quase que entrincheirado. Os foras da lei já não têm mais medo de nada. O crime sempre compensa.
Vivemos momentos perigosos. Violência de todo tipo. Violência dos bandidos, dos políticos bandidos, dos corruptos, dos sonegadores, e apaniguados. A violência da miséria, da fome, do desemprego. As drogas, o álcool, o trânsito.  Violência nas ruas, nas escolas, nas famílias. É o desamor, o egoísmo, a ganância. Sem uma mudança completa no comportamento de todos, nem mesmo contanto com todos os heróis para nos ajudar seremos salvos. E o pior, já não contamos com Hopalong Cassidy, que era só chamar.

P.T.Juvenal Santos - ptjsantos@bol.com.br

acuar: perseguir; cercar a caça; encurralar.

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